Nos 20 anos do falecimento do P. Ciliro Mateus sj

Resumo da vida do Padre Cirilo Mateus, sj e alguns pensamentos deste missionário que por nós intercede junto de Deus.

Resumo da Sua Vida como Homem de Deus

O Padre Cirilo nasceu no dia 21 de Novembro de 1937, em Machipanda, Província de Manica, então Diocese da Beira, actual Diocese de Chimoio, de uma família muito cristã. Foi baptizado a 12 de Dezembro desde mesmo ano na igreja de Nossa Senhora do Rosário de Macequece. Nasceu em Machipanda, porque seu pai, nessa altura, trabalhava em Mnica, mas o Padre Círilo Magagula é Angoni, e a sua infância e juventude decorreram na Angónia.

Foi educado na Missão de Lifidzi, onde conheceu os Jesuítas. Foi depois estudar para a Escola de Formação de Professores da Diocese da Beira, a funcionar na Missão de Boroma, em Tete. Terminada a formação, exerceu a sua profissão durante alguns anos. Mostrando desejo de ser Jesuíta, foi enviado para Portugal, para o Colégio Apostólico da Imaculada Conceição, em Cernache, junto a Coimbra.

Entrou no Noviciado da Companhia de Jesus em Soutelo, Braga, a 08 de Setembro de 1961 e fez os primeiros votos em 08 de Setembro de
1963. Seguiu a formação normal de um Jesuíta, mostrando sempre muita capacidade e inteligência. Depois de estudar Humanidades mo Juniorado, em Soutelo, frequentou a faculdade de Filosofia, em Braga, no ano de 1965, onde se licenciou em 1968. Neste mesmo ano, voltou a Moçambique para cumprir mais uma etapa da sua formação, o Magistério. Fê-lo como professor na Escola de Formação de Professores, que antes tinha frequentado, mas agora em Vila Ulóngwè.

Em 1970, começou os estudos de Teologia na Faculdade de S. Francisco de Borja, em S. Cugat del Vallés, Barcelona, Espanha, seguindo depois para a Faculdade de Teologia de Militown Park, em Dublin, na Irlanda. Regressando a Moçambique em 1973, trabalhou na Diocese de Lichinga, como responsável pelo Lar de Estudantes da Diocese.

Foi ordenado Sacerdote a 18 de Setembro de 1977, em Vila Ulónguwè, Distrito de Angónia, Província de Tete. A pedido dos Bispo de Moçambique, assumiu, por duas vezes, o cargo de Secretário Geral da Conferência Episciopal de Moçambique (CEM), nos tempos difíceis do marxismo-leninismo.
Voltou à Europa em 1982, para completar os estudos, obtendo a licenciatura em Teologia na Universidade Grgoriana, Roma, em 1985, regressando a Moçambique para ser, pela 2a vez, Secretário da CEM.

Fez a Profissão Solene como Jesuíta, a 02 de Agosto de 1987. A 08 de Setembro deste ano, foi nomeado pelo Padre Geral Peter-Hans Kolvenbach, Super Provincial da Vice-Província de Moçambique. O Cardeal Arcebispo de Maputo, D. Alexandre José Maria dos Santos, nomeou-o também Coordenador (Pároco) do trabalho pastoral da Paróquia de S. João Baptista do Fomento – Matola, a cargo da comunidade dos Jesuítas de Maputo.
Terminado o mandato de Superior dos Jesuítas em Moçambique, em 1993, foi nomeado Pároco da Paróquia da Catedral de Tete.

A 21 de Setembro de 1999, o Padre Geral nomeou-o novamente Superior dos Jesuítas em Moçambique, agora com o título de Superior da Região de Moçambique da Companhia de Jesus. Faleceu num acidente de viação, na estrada que vai de Tete para Angónia, perto de Moatize, a 11 de Novembro de 2001. Celebraram-se solenes exéquias na Catedral de Tete, a 13 de Novembro, presididas pelo Bispo da Diocese de Tete, D. Paulo Mandlate; e, no dia 14, na Igreja de Vila Ulóngwè, na Angónia, presididas pelo Bispo de Chimoio, D. Francisco Silota. Presidiu ao funeral o Pe. Carlos Giovanni Salomão, Superior Regional interino da Companhia em Moçambique. O seu corpo ficou sepultado no cemitério de Vila Ulóngwè, ao lado dos Padres Sarreira, Peixoto, João de Deus e Sílvio Moreira.

Foram comoventes as manifestações de pesar do povo de Tete e de Angónia. A sua partida foi igualmente muito sentida, dentro e fora da Companhia de Jesus, por todos os que o conheceram, mesmo para além das fronteiras de Moçambique, mormente em Portugal e no Brasil.

 

Pensamentos de um Missionário que por nós intercede junto de Deus

“O nosso fundador Santo Inácio não se movia por obras determinadas, mas sim por um grande desejo de ser companheiro de Jesus. Este desejo tinha a sua origem na experiência dos Exercícios Espirituais, onde o próprio Inácio e os seus primeiros companheiros se sentiram alcançados pelo amor pessoal de Jesus. Jesus como companheiro do homem pela Encarnação; Jesus como Redentor que dá a vida para a vida do mundo; Jesus, Senhor e Rei, que quer inaugurar na terra o Reino de Deus, seu Pai”.

“É muito importante que os jovens comecem, desde cedo, a sonhar juntos e a ter uma experiência da Companhia concreta como corpo apostólico universal, e juntos ensaiar estratégias que ajudem a África a encontrar caminhos seguros para um verdadeiro diálogo político, cultural, religioso… Qualquer um destes aspectos constitui um desafio para os Jesuítas”.

“A nossa história dos Jesuítas em Moçambique é longa, não só com momentos de sucesso, mas também de dificuldades e limitações. Apesar de tudo, somos parte dos homens de boa vontade que Deus ama e chama para, com Ele, fazer da história da humanidade um momento de salvação. Estramos a responder, com alegria, a este chamamento, e a assumir o caminho traçado pelos Jesuítas nossos antecessores, moçambicanos e estrangeiros, alguns dos quais deram a vida pela evangelização em Moçambique”.

“Assumo pela 2a vez, o cargo de Superior Regional, sem nenhuma ilusão de prestígio da minha parte. Tenho a consciência de que faço um compromisso de fé. Fé em Deus, porque não duvido da sua presença no processo de discernimento, que levou a Companhia, na pessoa do Padre Geral, a confiar-me este cargo; e a fé nos meus companheiros Jesuítas da Região, que acreditaram, talvez não todos, em mim, e me aceitaram como seu Superior. Por isso, começo em paz, e com a coragem própria de quem se sabe aceite”.

In: Editorial A. O., Braga

Testemunhos da geração de jovens da Catedral de Tete (1990-2000),
em memória dos 20 anos da morte do Pe Cirilo Moisés.