Procuradoria das Missões
Província Portuguesa da Companhia de Jesus
Foi o P. António Alves da Cruz, um ex-missionário de Moçambique, onde esteve, ainda Escolástico, de 1910 a 1913, na missão do Miruro (Zumbo), que deu início, em Braga, em 1938, à Procuradoria das Missões. Começou de forma modesta, mas com determinação, devido ao seu zelo missionário e espírito criativo.
O P. Cruz era professor no Instituto Filosófico Beato Miguel de Carvalho e muito comprometido com as Congregações Marianas, no Centro Académico de Braga do qual é considerado restaurador, em 1928. Começou a Procuradoria com um pequeno museu, numa sala junta à portaria do Instituto e a partir daí fazia propaganda missionária. Era ajudado pelos Irmãos filósofos. A Procuradoria começou a estruturar-se, com solidez, em 1940, ano da assinatura da Concordata e Acordo Missionário, preparando o regresso dos jesuítas a Moçambique o que aconteceu no ano seguinte.
Em 1947, após o falecimento do P. Cruz, foi nomeado Procurador das Missões, o P. João Dionísio de Oliveira. Em 1948 criou a revista “Jesuítas Missionários” que aparece, no ano seguinte com o título “Missões – Jesuítas Missionários” e mais tarde só “Missões” (1952). A revista era bimestral e dava notícias das missões em todo o mundo e abordava questões teológico-pastorais da actividade missionária. Nela tinham os missionários da África, da Índia, da China e de Timor um espaço para contarem as suas aventuras missionárias e escrever sobre a sociedade e a cultura dos povos que evangelizavam.
O P. Dionísio de Oliveira mudou a sede da Procuradoria para Lisboa, em 1953. Foi ele quem a instalou condignamente, num edifício construído perto do Colégio de S. João de Brito. Possuía no rés-do-chão um salão que serviu para organizar um museu das missões com obras de arte dos países de missão. Nele se podiam apreciar esculturas da vida selvagem e peças de arte sacra. Havia trabalhos em marfim e pau-preto, de África, representando elegantes gazelas surpreendidas em pleno movimento. Não faltavam esculturas, nem rendilhados em prata, de diferentes locais de Moçambique. Da Índia e China havia esculturas, em marfim, de autores famosos, representando a Virgem Maria e outros santos. Do Japão vieram preciosas sedas pintadas.
Em 1954 tomou posse como Procurador e Director da revista o P. Ernesto Domingues, também ele ex-missionário de Moçambique. Fez uma viagem pelas missões enriquecendo a revista com fotografias, notícias, reflexões e considerações missiológicas e o museu com muitas peças de arte.
Em 1963 foi nomeado Procurador das Missões e Director da revista o P. José Primeiro Borges. O Concílio Vaticano II abriu horizontes e a formação missiológica ocupou lugar de relevo. Em 1964 a Procuradoria passou a designar-se “Pedagogia e Missão” que compreendia um Centro de Estudos Psicotécnicos, dedicado à orientação escolar, profissional e vocacional e um Centro de Investigação Missiológica dedicado à pastoral missionária no sentido ecuménico e teológico. Esta inovação levou a que se ampliasse o edifício da Procuradoria das Missões em ordem a proporcionar um ambiente acolhedor de estudo e descanso aos missionários. Serviu, também, como lar para estudantes que sentissem desejo de se dedicar à vida sacerdotal e religiosa nas várias modalidades missionárias e apostólicas. Este edifício é, hoje, a Casa Xavier (Comunidade da Cúria Provincial, Secretariado das Missões, CUPAV, Leigos para o desenvolvimento e Fundação Gonçalo da Silveira). O Secretariado “Pedagogia e Missão” foi extinto, mas o cargo de Procurador e Promotor das Missões continua.
Foram Procuradores e Promotores da Missões os Padres José Manuel Rocha e Melo, Roberto Sequeira, Filipe Ribeiro, Joaquim Leão, César Cavaleiro, António dos Reis e Nuno Burguete. Em 1995 assumiu o Secretariado das Missões o P. Afonso Herédia, até ao seu falecimento, em 2014. O P. Francisco Rodrigues acumulou ao seu trabalho de Administrador da Província com a direcção do Secretariado das Missões, até 2019, ano em que o P. António Sant’Ana foi nomeado seu Director.
P. Francisco Correia sj