Estimados irmãos e irmãs em Nosso senhor Jesus Cristo:
Saudações fraternas na alegria da Páscoa que estamos a viver, até à Solenidade do Pentecostes.
Continuamos em regime de emergência, pelo menos nesta e na próxima semana.
Impedidos de nos reunirmos em assembleias, muito condicionados nas celebrações de funerais, batizados e casamentos e igualmente de darmos às nossas festas as expressões que lhes costumamos dar, uma coisa é certa, o Senhor Ressuscitado continua a acompanhar-nos e a animar-nos na caminhada da vida, porventura discretamente e ainda não totalmente identificado, como aconteceu com os discípulos de Emaús (Lucas 24, 35-48).
De facto, este tempo especial é tempo que Deus nos dá para vivermos a Fé e a aprofundarmos no seio das nossas famílias e, a partir daí, podermos repensar algumas das suas expressões públicas, quando em situação de normalidade.
Deus está-nos a dizer que continua presente a nosso lado, mesmo sem podermos participar nas habituais celebrações comunitárias, como é o caso das assembleias do domingo.
Diz-nos que a família é a primeira expressão da Igreja e por isso lhe chamamos Igreja doméstica; como também nos convida a experimentar que as relações em família são muito mais importantes do que muita coisa que habitualmente ocupa quase todo o nosso tempo.
Por sua vez, o serviço paroquial da catequese é muito importante, mas se não for acompanhado pela preocupação dos pais e outros familiares, como os avós, não conseguirá atingir os seus objetivos. Por isso é que estamos a descobrir, cada vez mais, a importância da catequese familiar, que, sem dispensar o empenhamento da Paróquia, assenta no compromisso dos pais para desenvolver todo o processo catequético, sobretudo das crianças e dos adolescentes.
A leitura orante da Palavra de Deus, de facto, é fonte de vida com qualidade, como também o é a oração em família, com participação, o mais ativa possível, de todos e cada um dos seus membros.
Não vivemos este tempo especial separados do mundo e daqueles que nos rodeiam, mas procurando acompanhar, pelos meios possíveis, sobretudo os que poderão estar em situações mais difíceis. A cada um de nós e às nossas comunidades pertence estarmos atentos para darmos a resposta possível e adaptada a cada situação.
Os nossos párocos, embora confinados como nós e tendo de celebrar em privado, lembrando ao Senhor todos aqueles que lhes estão especialmente confiados, continuam contactáveis para dar orientações, prestar serviços urgentes, nas condições determinadas e também receber sugestões.
Como é do conhecimento público, estão a ser pensadas, em articulação com as autoridades estatais, formas de iniciar a normalidade da vi¬da das nossas paróquias e outros serviços que envolvam assembleias, a partir do início de maio. Isto principalmente para as celebrações litúrgicas e as sessões de catequese.
Enquanto estamos privados destas expressões comunitárias da Fé, somos convidados também a pensar alguns dos seus aspetos que precisam de ser revistos.
E esta revisão é tanto mais importante que a façamos, quando esta-mos a fazer esforço coletivo para levar à prática as proposições da nossa Assembleia Diocesana. As prioridades que elas apontam temos de as levar a sério, como são as seguintes: o reforço da vida comunitária das nossas comunidades e da relação entre elas, a evangelização e a catequese, a educação para a responsabilidade missionária, o serviço da caridade, e sobretudo a vontade de construir a comunhão desejada por Jesus. E tudo isto integrado no esforço de reorganização pastoral da Diocese em que estamos empenhados.
Que este tempo da Páscoa nos transmita a alegria e a esperança de que precisamos para viver a Fé e dar sentido a tudo o que realizamos na vida.
20.4.2020
+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda