Uma vida discernida entre o Equador e Portugal

Diego Chicaiza Ayala, do grupo "Romanos 8" da Região Sul, conta como conheceu a CVX no Equador, a sua terra natal, e como a espiritualidade inaciana o fez chegar a Portugal.

Há 24 anos que Diego Chicaiza Ayala conhece a CVX e, com isso, procura uma vida discernida, de oração e de partilha. Natural de Quito, capital do Equador, onde nasceu há 43 anos, Diego agradece à família a oportunidade de “crescer à luz da espiritualidade inaciana”. “No Equador, a minha vida espiritual e católica esteve sempre em crescendo. O apoio da família foi fundamental para que minha vida fosse guiada pela espiritualidade inaciana”.

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Com os sobrinhos e filhos dos membros do grupo «Deus Amigo», 12 de julho de 2012

Com uma educação católica, desenvolvida no Colégio «San Gabriel», fundado pelos Jesuítas em 1862, Diego começou cedo a despertar para a espiritualidade proposta por Santo Inácio; os estudos superiores desenvolveram-se na Universidade Católica do Equador, onde se licenciou em Design Industrial e Gráfico, tendo depois concluído um mestrado em ensino superior, que o levaria à docência durante 14 anos. Foi em 1994 que Diego integrou o grupo «Deus Amigo», inserido numa região com cerca de 100 membros da CLC (nome internacional da CVX) no Equador.

 

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Equipa de coordenadores de Comunidades da CVX, em Quito, para planoficar a celebração do Dia Mundial da CVX, 2013.

 

“Quando entrei na CVX tinha interesse em conhecer, desenvolver e trabalhar a minha relação com Deus e com os outros”, admite. No seu primeiro grupo do Equador, composto por cerca de12 pessoas, e que mais tarde terminou, pôde experimentar diversos temas de reflexão e partilhar a vida. “A CVX do Equador desenvolve há algum tempo um «Plano de Treinamento» com o objetivo de ser um documento de orientação para a comunidade local. As reuniões são o espaço onde, através da coordenação com o guia e a comunidade, são abordados diferentes tópicos de formação”, esclarece.

Com periodicidade semanal ou quinzenal, o guia, de acordo com o grupo, “escolhe o tema da formação para cada encontro de acordo com o estádio de crescimento da comunidade”. Os temas, apresenta Diego, são variados: “Comunicação, Conhecimento de Audição, Linguagem Não-verbal, Princípio e Fundamento da Vida”, e aprofundados numa reunião que compreende a seguinte estrutura: “Oração, que pode durar alguns minutos; partilha de vida, onde uma revisão dos movimentos dos membros ou da comunidade é feita rapidamente; tema de formação, que é a parte central da reunião; avaliação; avisos vários”.

As reuniões, destaca, podem ser muito diferentes entre si: “Pode ter reuniões só com a revisão de vida, ou partilha; uma reunião que incida mais sobre a espiritualidade inaciana; temas sociais ou do quotidiano; celebração da Eucaristia, retiros, ou um tempo de convívio”, sempre com a “presença do guia da comunidade”. A seriedade com que procurava entender nos dias o sentido da sua vida, levou Diego a procurar uma mudança. “Eu sempre fui uma pessoa que procura na vida transcender e encontrar novas maneiras de experimentar o sentido da vida, por isso coincidiu que a fase da vida que eu estava a viver precisava de uma mudança, porque a partir do discernimento pessoal e espiritual, eu sentia que a monotonia do trabalho, a sociedade e as minhas atividades diárias me conduziam a um beco sem saída”.

Tomou uma decisão: fazer um mestrado na Alemanha! Mas, em janeiro de 2014, através da Internet, Diego percebeu que Portugal oferecia mestrados na sua área, “economicamente mais acessíveis”. Oito mil e quinhentos quilómetros depois, Diego aterrava em Portugal para um mestrado em Design de Produto e Equipamentos na Faculdade de Belas Artes, em Lisboa.

Sabendo que “a CVX é uma comunidade mundial”, não deixou a sua terra natal sem procurar ligações em Portugal. “Entrei em contato com o presidente da CVX Portugal e foi a Teresa Sabido quem me orientou para encontrar com uma maravilhosa família portuguesa que me acolheu em sua casa durante um ano: os Guimarães”, também eles membros da CVX – região Sul.

Em Portugal encontrou uma comunidade com cerca de 1500 membros mas um sentido comum na vivência quotidiana: a maneira de comunicar, o acolhimento e, no final, “um só Espírito”. A necessidade de “partilhar a vida” ao estilo de Santo Inácio, conduziu Diego a um novo grupo, «Romanos 8», que integra atualmente.

 

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O Diego é atualmente membro do grupo «Romanos 8

“É uma comunidade onde eu me senti muito conectado com o processo e com os movimentos da vida”, indica, mas onde reconhece a necessária adaptação pois “as dinâmicas são diferentes”.

Nesse sentido gostaria que, na reunião, não se ficasse apenas pela “partilha de vida”, mas pudesse ser um momento de “formação para os membros”.

Há quatro anos a viver em Portugal, Diego encontrou “circunstâncias inesquecíveis” que o ligam a esta realidade. “É inevitável fazer comparações entre as sociedades sul-americanas e europeias, mas vivi circunstâncias inesquecíveis que me ligam cada vez mais a este lugar”, afirma, destacando que em Portugal encontrou “pessoas boas e gentis” que lhe mostraram “outra forma de ver a vida”.

 

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Diego com a Catucha

Do Equador admite ter saudades dos sobrinhos com nove, 10, 11 e 12 anos, que viu crescer antes de viajar para Portugal. Mas aqui encontrou a Catucha, também do grupo «Romanos 8», com quem casou em 2017, e junto do seu filho, Ivo, procura formar uma família que possa refletir o espírito Inaciano e o crescimento no amor e no Evangelho. “Sinto que pouco a pouco estou a integrar-me no modo de vida português e que as minhas raízes equatorianas também se instalaram de maneira pessoal”. Uma certeza conduz Diego Chicaiza Ayala: a intensidade da sua vida alicerça-se no “discernimento, na oração e na comunidade”.

 

 

Lígia Silveira