Quando me disseram que tinha de escrever um texto para a Companhia dos Filósofos, o meu primeiro pensamento foi “que problema me deram agora, não tenho jeitinho nenhum para escrever textos, quanto mais filosóficos!”. Enquanto pensava como resolver este problema fui procurar inspiração ao Mr. Google e escrevi “Jesuítas Cientistas” (carreguem na palavra, vale a pena! ).
Tal como vocês estão agora, também fiquei impressionado com a quantidade e a qualidade dos jesuítas que de forma criativa marcaram a ciência desde 1540, ora vejam:
- Athanasius Kircher – Jesuíta italiano que se destacou como matemático, físico e inventor. Publicou mais de 40 obras, onde descreve por exemplo um projetor de imagens precursor do que hoje chamamos cinema.
- Christopher Clavius – Jesuíta alemão, matemático, astrónomo e um dos – senão o principal – responsável pelo calendário gregoriano, aquele pelo qual hoje (quase) todos nos regemos.
- Angelo Secchi – Jesuíta italiano, físico, matemático e astrónomo que ficou famoso pela sua análise espectral para a observação de estrelas que ainda hoje é usada em todo o mundo.
Em Portugal, para além de sermos a primeira província da Companhia de Jesus, isto é, a mais antiga também tivemos companheiros que se notabilizaram em algumas áreas das ciências:
- Luís Archer – Introduziu em Portugal a investigação de genética molecular , também foi pioneiro em Portugal na área da Bioética
- Afonso Luisier – Botânico e Diretor da revista Brotéria durante quase 30 anos, possuía a maior coleção de musgos no seu esforço de classificação do mundo natural.
- Gabriel de Magalhães – Missionário na China e inventor, que durante a sua permanência na corte de Pequim construiu robots, e relógios que davam música para o Imperador.
E a pergunta agora é: Como é que eu me sinto perante estes nomes? Simplesmente, sinto-me aos ombros de gigantes!
Ao contrário da maioria dos jesuítas que acima falei, formei-me antes de entrar na Companhia, mas agora como jesuíta tenho um olhar agradecido sobre a minha formação na área das ciências. Os estudos em engenharia ajudam-me hoje em dia, a compreender o mundo, a pensar ao formular os problemas com que me deparo e a encontrar soluções, como por exemplo na elaboração deste texto, num trabalho de filosofia ou numa actividade pastoral.
O meu gosto pela ciência vem desde pequenino, pelo desejo de perceber o “porquê das coisas” ao ler os livros “1001 Perguntas & Respostas” e o gosto pela tecnologia e como esta nos pode ajudar na missão de co-criar um mundo melhor, um mundo mais digno para cada ser humano.
O Papa Bento XVI sintetizou muito bem este apelo que sinto como jesuíta, quando num discurso aos jesuítas disse: “A Igreja precisa de vocês, conta convosco (…) para chegar àqueles lugares físicos e espirituais onde outros não chegam ou têm dificuldade de chegar”. Não que sejamos super-heróis, mas sim homens para os outros, no meu caso através de Ciência divertida (faz scroll para ver o GIF) e da tentativa de resolver este novo problema de escrever textos para a companhia dos filósofos.