Li: Catena di Fuoco de Saint-Denis Garneau
Saint-Denis Garneau é o nome artístico de Hector Garneau (1912-1943), poeta canadiense de língua francesa. A obra Catena di Fuoco (em italiano) é um trabalho póstumo que recolhe algumas páginas do seu diário pessoal e da correspondência espiritual que o mesmo manteve com os seus familiares e amigos ao longo da sua curta vida. Garneau, durante os 31 anos da sua vida viveu do coração, sofreu com ele e morreu por ele. Sem se ressentir, entregou toda a sua vida Àquele que sabia ser o seu centro e maior companheiro, o Cristo salvador, a sua única esperança.
Não li nenhuma da sua poesia, peguei neste livro por acaso, como quem pega numa outra coisa qualquer, precisava de algo para me entreter e para ir aprofundando o meu italiano. Como tantas vezes na vida foi o inesperado que me surpreendeu.
Encontrar um homem que se quer encontrar a si próprio com verdade é algo que toca à profundidade de todos, porque todos, no fundo procuramos o mesmo, i.e., procurar a nossa identidade. Hector Garneau escreve confiado naquela que crê ser a sua Vida, estas páginas podem ser por isso catalogadas como leitura espiritual, mas não nos deixemos enganar, este não é só um livro para crentes, é para todos, fala-nos de Humanidade.
“O objetivo deste trabalho é o de me conhecer melhor e de aperfeiçoar-me tanto na ordem moral como intelectual”, escrevia Garneau no seu diário a 29 de fevereiro de 1929, a começar estas páginas. Qual S. Agostinho, Garneau, questiona-se com as mesmas e importantes questões de sempre a todo o Homem: “Que coisa procuro? Procuro-me a mim mesmo e uma verdade para além de mim, procuro um ponto do qual possa identificar Deus/o Transcendente.
Vi: American Psyco de Mary Harron
À primeira vista pode parecer um simples filme de terror, mas é muito mais do que um filme de terror. Primeiro de tudo é um excelente filme de horror (que é diverso de terror), e sim, me piace tanto este tipo de filme. American Psyco, realizado em 2000, é baseado num livro com o mesmo nome do americano Bret Easton Ellis, e retrata a cultura yuppie da sociedade nova-iorquina dos anos 80. Mas a sátira não se fica nos anos 80 do século passado é atual ainda hoje, sobretudo numa sociedade como a nossa de cultura consumista e de um individualismo narcisista e hedonista. Os alertas são simples: é necessária atenção a uma sociedade onde só nos vemos a nós mesmos e onde a nossa relação com o outro se vive numa continua lógica de cobiça e de superioridade material e estética, mas onde tudo o resto é fútil.
O filme conta a história de um jovem-adulto, de 27 anos, sem sucedido na sociedade nova-iorquina. Patrick Bateman, o protagonista, vive, no entanto, uma insaciável sede narcisista, para a qual só sossego através da perversão sexual e do assassínio em série. A humanidade está na consciência dos seus atos, mas que Humanidade pode existir quando esta consciência falta, não só num só homem, mas em todo o seu meio social?
Vou ouvindo:
Partilho não algo que tenha escutado à pouco, mas algumas referências que, continuamente fazem parte do meu reportório.
Para os amantes do clássico poderiam ser várias as opções, mas deixo somente aquela que mais diz de mim e que considero uma autêntica Ode ao Homem. Trata-se do 2º andamento da 7ª sinfonia em LáM (Op.92) de Beethoven, obra escrita entre 1811-12 enquanto o compositor recuperava de um problema de saúde. Um cânone verdadeiramente comovente que interpela o interior de cada um.
No campo da música mais ligeira gosto de vários géneros e épocas do Soul Jazz ao Rock’n’Roll dos anos 40 e 50. Opto, no entanto, por sugerir Sister Rosetta Tharpe, considerada como a “madrinha do Rock’n Roll.
Já no campo da música popular e no que se refere à música portuguesa gosto muito da interpretação que o grupo Sopa da Pedra faz da música tradicional. Fica a dica!
Estas são algumas das coisas que me ajudaram a amar mais o meu mundo, o encontro quotidiano e a mim mesmo! Convido-te a descobrir as tuas.