Conto de Advento

"... graças ao coração misericordioso do nosso Deus, que das alturas nos visita como sol nascente." (Lc1, 78)

– Pai, está sempre cinzento e a chover. Acabou o sol?

– Não filho. Vem aí o dia em que o sol aparecerá e vai trazer luz para todos! Vai pintar de novo o céu de azul e os pássaros vão voltar a voar e a cantar de alegria. Os homens vão estar em paz e os animais vão aquecer-se.

– Mas… porque é que sol não aparece já?

– Oh filho, ele já está lá!

– Ah? Mas tu disseste… (interrompido)

– Está escondido atrás das nuvens, atrás do cinzento. Elas tentam tapá-lo, mas ele está lá. Se não estivesse, tudo era preto. Ele pinta o preto de cinzento.

– Hummm… porque é que as nuvens tapam o sol?

– Algumas têm inveja dele, querem ser elas a dominar os céus. Fazem muito barulho.

– Eu tenho medo dos trovões!!

– Eu sei filho…e o sol também sabe. E por isso não gosta dos trovões e afasta-os.

– Wooow! O sol não gosta das nuvens por minha causa?

– Filho, o sol gosta é muito de ti, e não te quer com medo! Mas também se preocupa com as nuvens.

– Mas elas fazem mal!!

– Às vezes não sabem bem o que estão a fazer.. estão só perdidas. Algumas nuvens que não trovejam, estão tristes. Já não conseguem ver as coisas bonitas. O sol deixa-se ser tapado, mas está perto destas nuvens. Precisam de chorar e aí chove.

– Elas choram muito – diz o filho com ar pensativo – mas, porque choram? quem lhes bateu? Também lhe bateram os meninos da escola?

– Talvez filho. Estão tristes. Precisam de falar com o sol, contar-lhes que se passa, e depois ele dá-lhes alegria!

– Também posso falar com o sol?

– Podes filho! Vamos os dois falar com o sol!

 

 

Foto: Julien Delaunay, Unsplash