Alguns dos nossos colegas da universidade (do curso de Filosofia e não só) com quem temos uma amizade muito especial são africanos, de três países diferentes, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe e de Angola. São colegas que chegam a Portugal para estudar na Católica, em Braga, e nós, jesuítas da comunidade Pedro Arrupe, temos travado amizades cada vez mais próximas com alguns destes colegas.
É muito bom poder conhecer aqui em Portugal colegas que vêm de culturas muito diferentes da nossa, enriquece-nos mutuamente e faz-nos crescer enquanto pessoas. Acho que tenho aprendido algumas lições de como viver bem com estes nossos colegas africanos. São pessoas muito cuidadosas, muito atentas e preocupam-se sinceramente em saber como os seus amigos estão. Para além disso, ensinam-nos a viver em paz e com tranquilidade, sem a pressa de ter que fazer muitas coisas ou tudo muito rápido. A vida para eles não é uma lista de tarefas, como é tantas vezes para mim, a vida é simplesmente vida! Vivem um dia de cada vez e não estão trancados em horários e combinações, nem ficam stressados por as coisas não acontecerem como estavam planeadas. Para mim têm sido também um grande exemplo de viver de forma agradecida. Ficam muito contentes e agradecidos por poderem estudar em Portugal, por aprender, e por quem se preocupa verdadeiramente em recebê-los bem. Nós europeus tantas vezes damos as coisas por garantidas e achamos que temos direito a tudo que esquecemo-nos constantemente que “tudo é dom de Deus!”. É esta humildade dos nossos amigos africanos que tem sido um grande exemplo para mim e que me ensina a ser jesuíta.
Mudar de país, mudar de continente, mudar de cultura, mudar de ambiente, ir para um local em que não se conhece quase ninguém e se está completamente fora do próprio meio é algo muito duro. Por isso, a adaptação destes nossos colegas em Portugal é algo difícil e custoso. No sentido de ajudar a esta integração, este ano, na faculdade, criámos um grupo de voluntários para ajudar a receber bem e a integrar na universidade e na cidade de Braga aqueles que vêm de África. De forma muito generosa cerca de 10 alunos portugueses, de vários cursos e de vários anos, ofereceram-se para dar esta ajuda. Acabámos por ter vários encontros ao longo do 2º semestre com os alunos africanos que chegaram para o primeiro ano e com os alunos portugueses, para conversar, passear pela cidade ou jantar juntos. O ano na faculdade terminou com um fantástico jantar em que comemos caldo de mancarra e cafriela, comidas típicas guineenses, cozinhadas pela Ludimila e pela Cadija. Cá em casa na comunidade Pedro Arrupe fizemos também um belo jantar de final de ano entre jesuítas e africanos.
Obrigado Dimitrio, Euclides, Ludimila, Cadija, Axel, Mauro, Mamadu, Umaro, Quintino, Bruno, Rogério, Jorim, Jofre, Iva, Júnior (e tantos outros…), por gostarem tanto de nós e serem tão nossos amigos. Nós, aqui na comunidade Pedro Arrupe também gostamos muito de vocês.