II DOMINGO DA PÁSCOA

ABRIRAM-SE AS PORTAS DA VIDA! NA TARDE DO PRIMEIRO DOMINGO DE PÁSCOA: “VIU E ACREDITOU”. P. José Augusto Sousa, SJ

Estamos na tarde do primeiro domingo de Páscoa e os discípulos estavam encerrados dentro de casa, com medo aos Judeus. Eles continuavam com medo apesar de Madalena, Pedro e João já terem ido ao Sepulcro encontrando-o vazio, com as ligaduras no chão e de terem ouvido a confissão de fé de João: viu e acreditou. Entretanto, Jesus veio e colocou-se no meio deles e disse-lhes: a paz esteja convosco. Tudo mudou e os discípulos, fechados num túmulo isolado do mundo, alegraram-se por verem o Senhor. Jesus pela Ressurreição transpôs as portas da morte, ei-lo agora a fazer o caminho inverso: abrir as portas da vida. Jesus vem agora encontrar os seus no recinto da morte,   onde o medo  mata e não liberta. Liberta-os e faz com que passem do encerramento à abertura aos outros: “Assim como o Pai me enviou também eu vos envio a vós” “Recebei o Espírito Santo”… E começa a nova criação! 

Neste Domingo, que o Papa João Paulo II quis dedicar à meditação da misericórdia de Deus, recordamos que Deus Pai em sua grande misericórdia e pela ressurreição de Jesus Cristo, nos fez nascer de novo para uma esperança viva (1Pedro 1,3-9). E esta nasce do perdão dos pecados: “àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados”.

NA TARDE DO SEGUNDO DOMINGO DE PÁSCOA – A NONA BEM-AVENTURANÇA: CRER SEM VER.

Tomé não estava com eles. Basta esta frase para nos levar a pensar que Tomé andava arredio da comunidade e sofreu as consequências. Não tinha visto o Senhor. Mas Tomé foi aquele discípulo que nos momentos de dificuldade se atreveu a vencer o medo. Por ocasião da doença de Lázaro, quando todo o grupo aconselhava o Mestre a não ir a Jerusalém, Tomé chegou-se à frente e disse aos companheiros: “ Vamos nós também para morrermos com Ele.” (Jo.11,16) E, afinal, nem foi preciso meter as mãos nas chagas do Senhor! Tomé pronunciou a primeira grande confissão de fé da Nova Aliança: Felizes os que acreditam sem terem visto. A fé autêntica vem da Palavra entendida e não da vista. Deus vem juntar-se a nós, até nas nossas dúvidas e nos nossos erros. A melhor oração é: “eu creio Senhor, mas aumenta a minha fé”. Estamos no regime do crer sem ver, porque Cristo se subtrai ao nosso olhar e é numa espécie de noite que nós acreditamos que ele é o “Deus connosco”. Recordo, como se fosse hoje que, estando eu em Roma, oito dias antes, do atentado ao Papa João Paulo II, na sua homilia da Praça de S. Pedro referiu-se a esta fé de Tomé, exortando a todos a acolhermos Deus na nossa vida, mesmo que não vejamos os sinais claros da sua presença.

Também o Papa Francisco disse na homilia do Domingo de Páscoa, na Praça de S. Pedro que é preciso espalhar o anúncio como fizeram os nossos primeiros irmãos Cristãos. A Páscoa começa com o anúncio!.. Mas é preciso que esse anúncio transforme, em primeiro, lugar as nossas vidas e as vidas das nossas comunidades. “Ser assíduo ao ensino dos Apóstolos (Palavra), à fracção do Pão (Eucaristia) e à caridade” (Act. 2,42 ss.), eis as grandes pistas para uma vivência aprofundada do nosso Domingo.

P. José Augusto Alves Sousa, SJ