Uma casa de quatro pilares

À semelhança de uma casa, também um campo de Campinácios se divide por vários espaços. Existe uma sala onde todos os elementos se juntam para falar e comer. Um pequeno espaço pessoal, destinado ao descanso. Uma zona destinada aos jogos. Duas divisões com todo o equipamento especializado para aliviar o corpo. Uma divisão onde a comida é cozinhada com todo o amor e atenção. Há, no entanto, divisões que sustentam a casa.

Deus

Uma divisão pouco comum nas casas do século XXI mas, no entanto, muito presente ao longo de qualquer campo, é a Capela. O local onde a evolução dos dez dias é mais notória, onde todos os elementos crescem de forma inimaginável. O local predileto de encontro com Deus. Na nossa casa que é os Campinácios, Ele (DEUS) é o primeiro pilar: O que está no centro, O que suporta, que guia, dá força e que se revela de maneiras indescritíveis. A partir de Deus, o campo forma-se, física e espiritualmente, no coração de cada um.

Natureza

A mudança psicológica e espiritual só ocorre após um transporte físico e geográfico. Da capital, das redondezas de Coimbra ou da fronteira entre Famalicão e Santo Tirso, para a vizinhança de grilos, para avenidas arbóreas, onde todos os quartos têm a maravilhosa vista para a estrelada morada do Pai. Silêncio, Tranquilidade, Simplicidade, Vida, Criação são algumas das características que retiramos do terceiro pilar: a NATUREZA. Ao deixar tudo aquilo a que se está habituado, ao ser convidado a despojar-se de todo o luxo, o corpo consegue aproveitar aquilo que é verdadeiramente essencial na vida. É na ausência do barulho e dos adereços, que o Espírito conduz o Eu à mensagem de Deus, à vocação e às obras.

Eu

Aquilo que cada um guarda no seu coração é o que sobrevive ao tempo, após o campo, ficando retido na memória e cravado no ser. Aquilo que, em cada uma das 60 pessoas que compõe a família de campo, muda o mais profundo do Eu. O EU é o segundo alicerce dos Campinácios. Todos os medos, sonhos, ideias, crenças, dúvidas, emoções e razões que surgem; no ser-humano neste estado de permanente mudança e em busca da introspeção. No campo o Eu é desafiado, reconfortado, questionado e transformado à imagem do exemplo de Jesus. Para o conseguir alcançar é necessário colocá-lo numa posição desconfortável, em que os hábitos caem e as certezas cedem.

Outro

Deus, Eu e a Natureza poderiam ser suficientes para construir uma casa estável e segura. Contudo, ao viver intensamente cada um destes pilares, é impossível não existirem consequências práticas. O egoísmo, a vergonha, o medo, a indecisão desaparecem. Todas as obras de um campinaciano conduzem-no ao OUTRO. As relações tornam-se o elemento mais importante na vida de cada um. O serviço é a grande ferramenta para viver, colocando sempre o outro em primeiro lugar. São os frutos que surgem depois no final do campo que o mantêm na memória.