REPORTAGEM 5º DIA MAGIS

No norte do país, mais precisamente em S. João de Arga, Caminha, 25 peregrinos da Eslováquia, Índia, Myanmar, Timor e América (com raízes asiáticas), iniciaram o dia no Mosteiro de São João de Arga. O intuito desta atividade, que se vai prolongar durante toda esta semana, pressupõe a aprendizagem de novos ritmos de vida. Pretende obrigar a parar, agradecer e rezar. Este grupo vai reger-se pelos ritmos da natureza através do nascer e pôr do sol, com um estilo de vida simples, em comunidade. Numa sociedade em que (quase) nos sentimos culpados por parar, beber da sabedoria do ritmo de vida monástico pode ser muito marcante e transformador. Naturalmente esta experiência insere-se na categoria Fé e Espiritualidade.

Aos primeiros raios de sol os peregrinos acordam, tomam o seu pequeno-almoço e iniciam a sua jornada a rezar através da arte. O desafio lançado foi “How would you represent Jesus to others?”, através de um momento individual cada peregrino tinha de representar a sua fé com um ícone por si criado e desenhado, assim, através de um momento de expressão criativa podiam também rezar e recentrar-se. Após este período os jovens juntaram-se em pequenos grupos para encontrar a resposta para a pergunta “What could our religion be in the eyes of our group.” Durante esta dinâmica foi explicado aos peregrinos que na sua generalidade os ícones permitiam um mais fácil acesso à religião e oração para quem não sabia ler.

Enquanto lhes era explicado o estilo de vida vivido no Mosteiro, e as funções de quem os habitava, os jovens deixavam a sua imaginação recuar alguns séculos. Existiam os copistas, essenciais numa altura em que a informação necessitava de ser registada, os evangelhos eram preparados na véspera e dava-se um especial enfoque à escrita numa altura em que não existiam meios digitais, sem esquecer os coros que permitiam uma vivência de fé em comunidade como forma de rezar.

Mais a sul, no Bairro da Fonte da Prata, perto de Lisboa, na Freguesia de Alhos Vedros, encontra-se mais um grupo MAGIS. Este grupo de cerca de 25 peregrinos da América do Sul e Central (México, Guatemala, Argentina, Brasil), vai passar esta semana numa atividade Solidariedade e Serviço. Encontram-se naquele Bairro desde o dia 24 de julho com a missão de deixar o Bairro da Fonte da Prata melhor do que o encontraram. É interessante perceber que apesar de todas as faltas que podem sentir é uma comunidade inquebrável e fechada em si mesma, no entanto, abriram-se a esta comunidade que trouxe não só a cor das tshirts e dos baldes de tinta para as paredes, mas também a cor do entusiamo e da felicidade pela missão que lhes foi confiada.

Durante todo o dia era notável o esforço dos peregrinos e dos anfitriões por comunicarem entre si, foi com gestos, desenhos, sorrisos e gargalhadas que ao longo do dia se foram aceitando e criando relação. Chegados ao final do dia o Bairro tinha paredes mais brancas, os jantares distribuídos pelos habitantes, crianças sorridentes por terem recebido estes jovens, e os peregrinos ligeiramente transformados, afinal uma experiência como esta marca, “hoje fiz a diferença!”.