REPORTAGEM 4º DIA MAGIS
Em cima do palco, com um nariz de palhaço encarnado no rosto, os peregrinos foram convidados a regressar à infância e a cantar algumas canções do seu tempo de crianças. Sem medo da exposição ao ridículo, e com a humildade própria dos mais novos, o exercício proposto nesta experiência de Arte e Cultura era recordar memórias, boas e más, e através do teatro integrá-las, acomodá-las e aceitá-las serenamente. Uma espécie de terapia através do teatro que ajuda a acolher as fragilidades.
Embarcar numa viagem internacional. É a proposta desta experiência que reúne no Colégio das Caldinhas, em Santo Tirso, 19 jovens de sete países: Itália, Singapura, França, Suíça, Estados Unidos e Zimbábue. Ao longo dos próximos dias, procurarão, através do teatro, percorrer e retratar as memórias das diferentes fases da sua vida, numa abordagem que se pretende harmoniosa e terapêutica.
Ali ao lado, no Mosteiro de Singeverga, também em Santo Tirso, outros 16 peregrinos aprofundam a espiritualidade em torno da eucaristia e procuram preparar uma mesa em que todos tenham lugar. O objetivo desta experiência é ter noção de si mesmo, do seu corpo e dos outros. Hoje foi trabalhado o tema do perdão e o exercício era o seguinte: dispostos frente a frente, refletiam sobre algumas questões como “Como é que eu cheguei aqui?” Confrontados com as realidades das suas vidas, algumas difíceis, e também com as dificuldades dos outros, os peregrinos foram convidados a partilhar as suas vivências e a acolher o significado e a força da reconciliação.
Muitas outras experiências trabalham a dimensão artística e espiritual, como a que reúne em Cernache, nas instalações do antigo colégio da Companhia de Jesus, 29 peregrinos. Tambanuka é o nome desta atividade que significa uma experiência híbrida baseada nas artes performativas – a música africana, o contar de histórias, o tambor falante, dança contemporânea e teatro físico – abordando os temas de esperança, cura e espiritualidade. A proposta é oferecer aos jovens a oportunidade de co-criar, rezar e fortalecer sua fé por meio da arte da performance.
Em Lisboa, os jardins da Gulbenkian, habitualmente preenchidos por lisboetas em busca de sossego e recato, escondiam esta manhã visitantes empenhados em introspecções profundas. De caderno e canetas na mão, os peregrinos da experiência Desenhar Lisboa procuravam olhar para dentro e transpor para o papel as inquietações suscitadas pela oração. Ao longo da semana, os peregrinos visitarão outros locais da cidade e, conduzidos pelo P. Nuno Branco e pela sua experiência de urbansketcher, procurarão transpor para o caderno o que vão observando e sentindo. O último desafio é olhar Lisboa em perspetiva, mais concretamente a partir do outro lado do rio. Uma forma de ganhar distanciamento perante aquilo que se viveu e sentiu ao longo da semana.