De regresso à Vila MAGIS muitos dos peregrinos puderam, na manhã do dia 30, aprofundar a experiência que viveram ao longo da última semana através de um conjunto de workshops em várias línguas sobre os mais diversos temas. A atividade intitulada de “Bring up your talents”, desdobrou-se em 28 conferências e atividades ministradas por diversos oradores jesuítas, religiosas do Sagrado Coração de Jesus e leigos e leigas de espiritualidade inaciana. O conjunto das propostas propunha ser um “momento para aprofundar de forma prática as Preferências Apostólicas Universais (PAU) da Companhia de Jesus para a década de 2019-2029”, como se lê no site oficial do MAGIS2023, que são: Mostrar o caminho para Deus mediante os Exercícios Espirituais e o discernimento; Caminhar junto aos pobres, os descartados pelo mundo, os vulnerados em sua dignidade, numa missão de reconciliação e justiça; Acompanhar os jovens na criação de um futuro cheio de esperança; Colaborar com o cuidado da Casa Comum.
“Branches of the same tree” foi uma das atividades no âmbito da primeira preferência apostólica, Mostrar o caminho para Deus (…), conferida pela Ubunto Leader Academy. O tema principal foi ajudar cada um a encontrar-se consigo, de forma a que possamos estar ao serviço dos que nos são mais próximos: “Todos nós somos seres humanos. Não importa quantas diferenças ou identidades tenhamos”.
No campo da segunda preferência apostólica universal, Caminhar junto dos “excluídos”, destacamos a conferência “Building Bridges: How Jesus shows us how to reach out to LGBTQ friends” conferida pelo jesuíta americano James Martin. O jesuíta começou por referir que o tema em si se foca na temática das minorias. Segundo o padre James Martin há três razões para um jesuíta trabalhar com as comunidades LGBTQ: primeiramente, por esta ser uma população de risco e necessitada de apoio no campo social; segundo, pelo respeito da doutrina social da Igreja católica, a solidariedade para com os marginalizados; e, por fim, pelos valores inacianos, como o caminhar junto dos excluídos. “Na minha opinião, na Igreja, ninguém é mais excluído do que as pessoas LGBTQ e a missão de ir ao encontro de cada um dos que está à margem está no Evangelho”, proferiu o orador.
No que toca a terceira preferência apostólica, Acompanhar os jovens na criação de um futuro cheio de esperança, houve espaço para se colocar a questão, que foi o mote de uma das conferências, “Jesuit Brothers: Is it also a vocation?”. Liderou este espaço o jesuíta português Ir. José Silva, com o qual participaram como intervenientes mais três outros irmãos jesuítas de outras províncias da Companhia de Jesus: José Maria Chema, da província de Espanha; Ubiratan Costa, da província do Brasil; e Matt Wooters, da província do centro-oeste dos Estados Unidos da América. Numa pergunta se pode resumir esse painel: o que define um Irmão na Companhia de Jesus? Um Irmão é chamado a “servir a Deus desta forma: mais próxima da comunidade, com a vida totalmente entregue, mas sem a parte da administração dos sacramentos.”, referiu um deles. O Irmão brasileiro acrescentou: “O Papa Francisco diz que todas as vocações são importantes e nenhuma está acima de outra”.
No decorrer das atividades da manhã pôde-se encontrar um grupo no qual se sentia a envolvência de toda a assistência. O encontro sobre a temática “Christian values and ethics in today’s economy: A role-play approach” era uma das atividades que versava sobre a quarta preferência apostólica, (…) o cuidado da Casa Comum. João Freire de Andrade, o anfitrião desta atividade, conduziu a reflexão sobre quais os pontos a ter em consideração na tomada de decisão de um processo que afeta a vida de pessoas concretas de um lugar ou região. Os peregrinos foram convidados a, olhando para vários elementos positivos e negativos que lhes foram facultados, sobre um caso concreto da barragem de Kirité, na Turquia, perante os quais deveriam tomar uma decisão sobre a questão. Não houve uma resposta conclusiva! O objetivo desta atividade foi transmitir aos peregrinos aí presentes que há elementos que, diversamente, podem ser considerados melhores e piores consoante diversos olhares e circunstâncias. Este exercício serviu também para contribuir para a reflexão de quais os critérios que um católico deve ter em conta quando envolvido neste tipo de decisões, que têm um grande impacto nas populações de um país, região e ou lugar.