“Em atitudes e em ritmos Fleumáticos,
Erguendo as mãos em gestos recolhidos,
Todos brocados fúlgidos, hieráticos,
Em ti andam bailando os meus sentidos”
O meu soneto de Florbela Espanca
Quem entra na Casa da Torre em Soutelo, entra num local mágico. Num local que
emana energia, amor e dádiva. Assim que entrei na Casa da Torre pela primeira vez, senti que estava a entrar numa Casa de Amor, numa Casa de Encontro, onde os meus sentidos podiam bailar no meu Eu e expressar-se através do meu corpo. O silêncio permite-nos comunicar de forma clarividente com o nosso Eu mais intimo, permite-nos colocar as questões poderosas a quem habitualmente não costumamos colocar, dar atenção a quem habitualmente não costumamos dar, estar com alguém que habitualmente não costumamos estar, sentir alguém que habitualmente não costumamos sentir…Nós. Nós estamos habitualmente com muitas pessoas, e Nós?…em que circunstâncias estou comigo? Que momentos escolho para estar comigo? Que momento escolho para me renovar, reencontrar e renascer?…
Eu escolho habitualmente as atividades da Casa da Torre, são momentos extraordinariamente únicos, de mim para mim. Escolhi partilhar convosco o que senti na última atividade em que participei “Rezar com a Dança”, sob orientação do Padre Paulo Duarte e Maria Luisa Carles.
Antes de participar na atividade, e como considerei o nome muito curioso, fiz uma pequena pesquisa sobre as palavras rezar e dançar, no dicionário on-line da Porto Editora:
- Dançar: mover o corpo de maneira ritmada, geralmente ao som da musica; balançar. Do Frâncico Dintjan, “mover-se”
- Rezar: dizer orações; celebrar. Do Latim Recitáre – “dizer de cor”
Após reflexão, e numa conversa interna com o meu Eu, disse, faz todo o sentido, Rezar com a Dança é celebrar balançando. Haverá melhor forma de rezar do que me mover dentro e através de mim. Porque estava associada, decidi procurar o significado de musica.
Musica: arte de combinar vários sons, harmonia. Do Grego Mousiké “relativo às musas”. Então reformulei e disse para o meu Eu, Rezar com a Dança é Celebrar balanceando criando harmonia, e não é que foi o que aconteceu.
Foi um encontro comigo, e com os outros através de mim. Onde me pude sentir, rezando, através da escuta atenta do meu corpo. Para além de ficar a conhecer melhor o meu corpo como um todo integrado, passei a respeitar mais a diferença, aceitando o que não posso modificar, acolhendo dentro de mim, as minhas limitações, ganhando coragem para modificar o que está ao meu alcance e procurando a sabedoria para fazer o que tem de ser feito, não o que eu gostava de fazer, mas o que se revelar ser o melhor para mim. Aqui se duvidas tivesse (nunca tive), o TODO é muito mais que a somas das partes….
Uma das coisas que me ajuda no estudo sobre o Corpo é percebê-lo como um todo, uma descoberta que vai crescendo na medida em que encontro algo de novo (e há sempre algo de novo a descobrir sobre o Corpo).
Paulo Duarte, SJ, in Deus como Tu.
Quando o nosso Eu está em harmonia total isso manifesta-se no Corpo, permitindo fazer uma descoberta diária, conhecer-nos cada dia mais e melhor, e só através do autoconhecimento somos capazes de servir os outros através de nós. Tenho como lema servir, tenho a forte convicção de quem não nasceu para servir não serve para viver, por isso coloco-me ao serviço dos outros. Que o Serviço aos Outros Vos permita Servir ao vosso Eu.
Não deixem de visitar a Casa da Torre e consultar os seus programas através do site www.casadatorre.org onde tenho a certeza que irá encontrar algum que gostaria de fazer parte.