P. António Júlio Mariano

15.12.1999 – 9.12.2020

Biografia

O P. Mariano nasceu no dia 15 de dezembro de 1929 em Torre de Dona Chama, Mirandela, Bragança. Frequentou a Escola Apostólica de Macieira de Cambra durante cinco anos e entrou no Noviciado, no Convento de Santa Marinha da Costa, Guimarães, no dia 7 de setembro de 1948.

Depois do Noviciado, fez o Juniorado em Guimarães, um ano, e em Soutelo, dois anos. Fez a Filosofia em Braga e o Magistério no Colégio de Cernache. Fez a Teologia em Heythrop College, Inglaterra e em Frankfurt, Alemanha. Foi ordenado sacerdote no dia 4 de setembro de 1962. Fez a Terceira Provação em Múrcia, Espanha. Fez os últimos votos no dia 15 de agosto de 1965, nas Caldas da Saúde.

Foi quase toda a vida professor de Alemão e Inglês no Instituto Nun’ Álvres do Colégio das Caldinhas. Colaborou com a pastoral inter-paroquial e com a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso e foi também capelão do Hospital de Santo Tirso durante vários anos. Faleceu no dia 9 de dezembro de 2020. Encontrava-se em Braga, na enfermaria na comunidade da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais e do Secretariado Nacional do Apostolado da Oração.

Testemunho

Vivi com o P. António Mariano durante cerca de 11 anos (por duas vezes). Recordo-o como um homem do silêncio, tímido, de bem, um bom companheiro. O seu sentido fino, de um humor sempre alimentado pela caridade e a “puxar” para a positividade da vida, mostrava dele uma pessoa com um coração bom e sábio.

A bata branca, que sempre usava quando se apresentava para dar as suas aulas, era uma sua “imagem de marca” e do Colégio, mas não só, pois não faltavam os carinhosos rebuçados e chocolates com que frequentemente presenteava e estimulava os seus alunos. Apesar de exigente e rigoroso na lecionação e na avaliação, os alunos respeitavam-no e apreciavam-no, pois revelava uma grande competência nas línguas que lecionava, para além de uma enorme compreensão para com eles. Com carinho, apelidavam-no de “Herr Mariano”.

Esguio de fisionomia, austero, forte nas convicções, robusto na fé, incansável no serviço às comunidades cristãs mais frágeis, o P. Mariano foi um exemplo de disponibilidade e generosidade.

Depois das refeições, fazia várias vezes, em silêncio, o “circuito” dos corredores da Comunidade SJ. Era o seu tempo de Exame de Consciência. Ao vê-lo, achei-lhe piada, tomei-lhe o gosto e segui-lhe o exemplo. Foi um dos legados que me deixou. Do seu quarto, o P. Pina, quando ouvia os nossos passos, ficava feliz em distinguir e dizer em voz alta de quem eram aquelas passadas.

O modo sereno como enfrentou a sua doença, já confinado na Enfermaria da Comunidade da FFCS e do SNAO, foi o que mais me ensinou dele. A sua vida interior revelou-se durante este período, que não foi fácil. Tal vida, tal morte, diz o nosso bom povo. Depois do acidente, começou a perder a visão e a locomoção. Mas… nunca perdeu sentido de humor, que o acompanhou até ao fim dos seus dias.

O retrato da mãe, pousado carinhosamente na sua secretária, era uma das suas inspirações. Sempre me impressionou a ligação à sua mãe. Falava dela com a ternura de uma criança que se sente amado pelo amor mais puro. E foi assim que ele morreu: em paz, na paz de Deus. Um homem estimado pelos homens, um homem de Deus que serviu ensinando, acompanhando e levando os Sacramentos a populações mais abandonadas incluindo, durante muitos anos, os doentes do Hospital de Santo Tirso.

Aqui deixo um tributo de gratidão ao Ir. Francisco pelo exemplar acompanhamento fraterno e terapêutico que fez ao P. Mariano.

P. José Manuel Martins Lopes.