Ir. Bernardino Paim Alves

28.09.1932 – 10.04.2021

Biografia

O Ir. Paim, nome por que era conhecido, nasceu em Santa Bárbara, concelho de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, Açores, no dia 28 de setembro de 1932 e entrou na Companhia de Jesus, no dia 7 de setembro de 1962, na Casa da Torre, em Soutelo, concelho de Vila Verde, Braga.

Depois dos primeiros votos, feitos no dia 8 de setembro de 1964, foi enviado para a residência da Covilhã e em 1967 mudou para residência do Porto. Exercia cargos domésticos e era o sacristão da capela doméstica. Em 1971 frequentou o curso de pintor de paredes em Xabregas, Lisboa, no Centro de Formação Profissional Acelerada e em 1972 fez a Terceira Provação, em Soutelo.

No ano seguinte esteve na Comunidade da Faculdade de Filosofia de Braga a exercer o seu ofício de pintor. Fez os Últimos Votos no dia 15 de agosto de 1973. Em 1974 foi para Lisboa, para a residência da Brotéria, como enfermeiro, encadernador e dedicava-se, também, aos serviços domésticos. Em 1988 mudou para a residência da Lapa assegurando, com dedicação, todos os serviços domésticos.

Em 1993 foi para a residência de Évora onde também se ocupava dos serviços domésticos e era ajudante do bibliotecário do ISESE (Instituto Superior Económico e Social de Évora), mas exercia, também os ofícios de comprador e hortelão. No ano 2000 foi para a residência da Faculdade de Filosofia de Braga onde permaneceu até ao seu falecimento, no dia 11 de abril de 2021.

O Ir. Paim foi um religioso que exerceu, com muita dedicação, trabalhos de serviço aos seus irmão. Fê-lo até quando as forças lho permitiram devido a ser diabético em alto grau. A partir de 2014 a sua missão, como consta no Catálogo, era rezar pela Igreja e pela Companhia.

Faleceu na noite do dia 10 de abril na comunidade da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais e do Apostolado da Oração em Braga.

Testemunho

Admirei no Ir. Paim a sua devoção à Eucaristia e a Nossa Senhora. Antecipadamente se recolhia na capela para participar na Eucaristia quotidiana. Variadas vezes o surpreendi em flagrante oração ao Santíssimo, fazendo uma visita a Jesus Cristo eucarístico. Nas vezes que tive de ir ao seu quarto, repetidamente deparei com ele na oração do Terço a Nossa Senhora.

Cultivava também especial devoção a Santa Teresa do Menino Jesus, atribuindo à intercessão desta santa o “milagre” da sua cura. Sofria grandemente de diabetes que ameaçavam a amputação de um pé, o que não veio a ser preciso.

Deu a todos o exemplo de lutar por se manter ativo, apesar da fragilidade da sua saúde. Nunca se deu por vencido, continuando a dar as suas voltas e assim chegou a 2021 em que completava 89 anos.

Nas dezenas de anos que viveu em Braga, visitava frequentemente o cemitério de Monte de Arcos, para rezar pelos padres e irmãos da sua nova família, a Companhia de Jesus.

Mostrava a sua gratidão pelos simples gestos de delicadeza e serviço para com ele. Tendo um temperamento forte e independente, nos últimos meses da sua vida, em que teve que ficar dependente, deu-nos o bom exemplo de acatamento e obediência aos que dele cuidavam. Assim partiu para a nova vida em Deus com grande paz e serenidade.

P. Manuel Morujão

Testemunho

 

Talvez porque vivi muitos anos na mesma comunidade, tive o privilégio, de manter uma boa relação com o Ir. Paim. Sempre me pareceu que confiava muito em mim, pois partilhava facilmente comigo algumas das suas preocupações, gostos e interesses. Tinha uma singular devoção a Santa Teresinha do Menino Jesus a quem, dizia, devia dois “milagres”, ambos relacionados com um pé em perigo de ser cortado por ter nele uma cavernosa ferida. Um dia encontrei-o a ler uma pagela de Sta. Teresinha, que tinha encontrado por acaso, já a desfazer-se de tanto uso. Como era editada pelo AO, foi fácil conseguir-lhe uma nova que muito agradeceu, colocando-a na secretária do quarto, em lugar acessível, para uso corrente, onde a vi exposta durante a sua derradeira doença.

Admirava a especial boa relação que mantinha com os funcionários/as desta sua última Comunidade, mas também das outras por onde passou a quem oferecia terços ou simples dezenas, feitos pela sua própria mão. Eu mesmo tenho um terço por ele oferecido e feito de sementes duma planta da sua terra, Açores, o que lhe imprime valor acrescido. Reveladora também de grande simplicidade, é esta sua atitude, fazendo a mesma singela oferta ao médico que o tratou com tal dedicação, que o livrou de ter cortado o pé; mas, através do médico, igual “prenda” ofereceu à esposa e três filhos do casal ainda pequenos, pois foi percebendo que se tratava de família cristã. Destes gestos e porque com frequência se encontrava a desfiar as contas do seu terço, pode concluir-se da sua devoção ao Terço do Rosário e a Nossa Senhora.

Outra interessante devoção que cultivava, cada dia, era aos defuntos em geral, mas sobretudo da PPCJ. Todos os dias recordava os que, nesse dia, faziam anos de falecimento. Por isso me pedia, cada ano, uma cópia da lista atualizada da ‘Vita Functi’ que as comunidades recebem da Cúria Provincial.

Sempre, mas sobretudo na doença, a todos edificou revelando grande humildade e a todos os que o visitavam ou prestavam qualquer serviço desfazia-se em agradecimento.

Ir. Américo Nunes